A fotografia do Curso de Meditação

Aquilo que faz falta é apenas isto: solidão, grande solidão interior. Entrar dentro de si mesmo e não estar com ninguém durante horas, é isso que é preciso ser capaz de alcançar. Ficar solitário, como se ficava solitário em criança, enquanto os adultos andavam para cá e para lá, enredados em coisas que pareciam importantes e grandes, porque as pessoas grandes pareciam tão ocupadas e porque nada se compreendia dos seus afazeres…
Pense no mundo que transporta em si, e chame a esse pensamento o que quiser; seja recordação da infância de cada um ou anseio pelo próprio futuro,- esteja somente atento ao que se ergue dentro de si e coloque-o acima de tudo aquilo de que se apercebe à sua volta. O seu acontecer mais interior merece todo o seu amor é nele que tem de trabalhar, seja de que modo for, e não perder demasiado tempo e demasiada coragem a clarificar a sua atitude para com as pessoas…

Cartas a um Jovem Poeta” de Rainier Maria Rilke.

Escrito em 1903, permanece super atual, já que agora, mais ainda que antes, as pessoas recusam-se e resistem a ficar solitárias e entrarem dentro delas, existe demasiada dispersão. É fácil passar horas no facebook, é difícil retirar 5 minutos do seu dia para meditar, é fácil fazer uma pausa no seu dia de trabalho, para tomar um café, conversar com um colega; não é fácil fazer uma pausa para estar consigo, expandir a sua consciência, fazer com que o seu cérebro funcione a uma oitava acima, além dos pensamentos da racionalidade!
Só agora, que a neurociência começa a demonstrar que a Meditação é o principal exercício para ter um cérebro saudável, é que os ocidentais, nós, começamos a dedicar alguma atenção a uma técnica que já era utilizada à 5000 anos atrás pelos orientais.

Foi Meditação que o querido Mestre António Pereira veio ensinar os alunos da Casa do Alto no passado dia 11 de Novembro, proporcionando-nos momentos de intensa e profícua aprendizagem, que estou certa irão praticar e incorporar, para além da sala de prática.

O grande Mircéa Eliade, refere no livro, “Patañjali e o Yoga”:

O ponto de partida da meditação Yoga é a concentração sobre um único objeto, ekâgrata. Este objeto pode ser indiferentemente, um objeto físico, a ponta do nariz, a chama de uma vela…

Esta técnica tem como resultado imediato a censura de todos os automatismos psicomentais que dominam e que, na verdade constituem a consciência profana. A atividade dos sentidos e o inconsciente introduzem continuamente na consciência objetos que a dominam e modificam.As associações dispersam a consciência, as paixões violentam-na. Mesmo nos seus esforços intelectuais, o homem é passivo: a maior parte do tempo, para sermos exatos, não pensa, mas deixa-se pensar pelos objetos. Sob as aparências do pensamento esconde-se na verdade um fluxo indefinido e desordenado, alimentado pelas sensações, as associações e a memória. O primeiro dever de um Yogui é o de pensar, isto é, o de não se deixar pensar pelos objetos. Por isso a prática do Yoga começa pelo ekâgrata, que bloqueia o fluxo mental e constitui assim um “bloco psíquico”, um continuum firme e unitário.

Faça o exercício de incorporar a técnica de Meditação no seu dia, durante 21 dias. Comece com um minuto, a primeira semana, antes de iniciar o seu dia, de manhã ou antes de adormecer, depois aumente para 2 minutos a segunda semana, e três na última semana, anote no seu diário o impacto que esses minutos tiveram no seu dia, e perceba o upgrade enorme na sua qualidade de vida e evolução pessoal.

Depois desses 21 dias a Meditação estará incorporada como um hábito imprescindível, tal como lavar os dentes, ou tomar o seu duche matinal.